16.07.09

 

 

Cruzei-me contigo,
Quando passei
Naquela estrada obliqua á tua,
E o Sol me aqueceu o olhar.
Olhei-te,
E ouvi um pequeno passarinho
A tentar cantar a minha alma.
Vi o arco-íris
No calor que pensei envolver-me.
O que vivera
Tornou-se claro
Quando senti as tiras de cetim
Apertarem-me a
Alegria contra o corpo,
Quando as flores largaram
O seu perfume
No meu cabelo,
Quando saboreei palavras
De gente perdida.
Mas numa manhã
Em que o Sol acordou cedo
O livro já se havia fechado,
O conto de fadas
Tinha acabado.
Já não havia mais linhas,
Nem espaço para continuar
A história contada
Nas noites
Em que me cruzava contigo
Em estradas obliquas,
E não tinha vergonha
De te olhar…
Afinal,
O Sol aquecia-me
E o calor era meu.
Não tinha medo
Do bicho Papão,
(Que eu sabia
Que estava escondido
Debaixo da minha cama)
Quando pousava o livro
No fim de mais um capítulo.
Agora o livro fechou.
Já não tenho o Sol no olhar,
Porque a chuva tem que cair.
Já não ouço o passarinho cantar,
Porque ele voou.
Já não vejo o arco-íris,
Porque o pote de ouro foi roubado.
Já não sinto as tiras de cetim,
Porque elas se rasgaram.
Já não cheiro o perfume das flores,
Porque a Primavera passou.
Já não saboreio palavras,
Porque estou sozinha.
E agora,
Que a história acabou,
O Papão
(Que saiu de debaixo da minha cama)
Conta outra história,
E eu vejo que o calor
Não é meu,
E que a estrada é,
Afinal, paralela…
E eu apenas te vi passar.

 

Selênia T

sinto-me: poetisa...
música: O Campo - Tiago Bettencourt
publicado por Selênia Telmo às 15:30

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